Friday 7 August 2009

PAIS...

A gente tava ali fazendo o programa hoje, dia 07/08 e perguntei para os meus colegas o que eles haviam aprendido com seus pais. Alguns responderam, na verdade eu perguntei e no meio da pergunta eu percebi que eu não havia aprendido nada, por não ter convivido, por não ter conhecido tanto quanto gostaria e por me dar conta da falta que essa figura fez na minha vida e, que depois de muita analise, fui resolvendo. Na hora que eu perguntei fui me perdendo na linha de raciocínio e confesso que fiquei um pouco triste. Lembrei dos meus filhos, os dois, que eu amo e me dedico de verdade porque eu sei e sinto o que acontece quando estamos juntos, mesmo que fazendo nada, em silêncio, mas é perceptível com clareza pra mim. Lembrei também de muitas vezes que olhei nos olhos do João, meu filho mais velho, e percebi a alegria dele em me contar as coisas do dia dele na escola. Das falas do pequeno Arthur, que tem um ano e me chama quando chego em casa. Das coisas que podemos e passamos juntos e daquela intimidade que não tem preço, aquela de acordar no meio da noite com um pé na tua cabeça e daí a gente olha e tá ali um deles se virando na cama, apareceu por ali porque sentiu medo de ficar no quarto sozinho...rsrs essas coisas que eu sinto falta, na verdade eu não tive isso, mas sinto muita falta de não ter tido, porque penso que elas contribuem diretamente na nossa formação como seres humanos e na nossa sensibilidade perante as mais diversas situações. Senti vontade de escrever isso porque realmente fiquei disperso na minha pergunta durante o programa e me vi perdido numa sensação que volta e meia me segue, nos mais variados momentos.

Wednesday 15 July 2009

EXPRESSO DE SABADO

Sim, o dia era esse mesmo. Sábado. Lembro que era calor e que se esperava muito pra conseguir pegar o ônibus de volta pra casa. Viajar sentado era uma ilusão, mas ilusões eram permitidas. Alias, as ilusões são o combustível dos que não conseguem ver a luz no fim do túnel. Dos que acordam as cinco da manha para trabalhar e percebem, por isso, um salário ridículo. Sim, esses vivem de ilusões.

Sábado, logo após o meio dia. Uma fila gigantesca aguardando o ônibus, que chegava trazendo o alivio de voltar pra casa, mesmo tendo que viajar uma hora e meia pra isso, em pé.

Entrei afoito por um lugar, obviamente, não consegui, fiquei ali em pé, ao lado de um banco, o pessoal subindo desenfreadamente, com suas sacolas, falando alto e contando as moedas para passar na roleta do coletivo. Permaneci ali, quieto, ouvindo. Como se ouve coisas viajando em um ônibus como esses, coletivos, de longo percurso. Podemos ficar sabendo das mais sórdidas historias e de romances secretos, do saldo bancário dos que lutam diariamente por uma vida melhor, enfim, podemos saber de muitas coisas.

Fiquei em pé mais ou menos uns quarenta minutos, ouvindo e observando o comportamento das pessoas, eu sempre fazia isso, discretamente e claro, para não parecer evasivo e para não ser intimidado por algum super-homem que pudesse aparecer.

Enfim, o banco em minha frente se desocupa. Sento aliviado e assim continuo a minha viagem de volta pra casa, eu sentia dores nas pernas por ficar tanto tempo em pé, mas sabia que quando chegasse em casa, poderia tomar um banho quente e me refazer fisicamente.

Depois de uns quinze minutos sentados nesse banco, que era quase em frente à porta de embarque do coletivo, um cidadão falando alto entra no ônibus. Camisa aberta, uma corrente grossa na cintura, que por sinal, abrigava uma arma. Carregava uma sacola imensamente pesada, que ele não hesitou e largou com uma confiança absurda no meu colo! Gritava enlouquecido para que o motorista acelerasse o veiculo e dizia em voz alta que ali quem mandava era ele, e que se alguém o duvidasse matava ali mesmo.

Bom, nem preciso dizer que passei a segurar a sacola do indivíduo quase que com dedicação, ele colocava a mão no revolver a todo o momento e gritava com todas as pessoas que olhavam pra ele, intimidando e falando absurdos. Falei ali encima de um super-homem? Sim ali existia um. De repente, do nada, aparece um outro homem, quieto, observador e de estatura media. Olhava atentamente para a cintura do xerife, que gritava para todos que precisava de qualquer motivo pra atirar em alguém. Eu ali, já meio apavorado com tudo aquilo, era definitivamente muita realidade pra mim. Mas permaneci quieto.

Quando comecei a prestar atenção no revolver, discretamente, vejo que uma mão o sacou da cintura do xerife, pensei: pronto, ta feita a porcaria. Era o cidadão do lado dele que havia se aproximado e sacado a arma do indivíduo que ate então, mandava no coletivo.

Passamos a ter um novo mandante, esse, mais educado grita: Ta tudo certo rapaziada, esse vai passear pra bem longe!

Bom, seja lá o que isso signifique, o xerife se calou e o novo mandante mandou parar o ônibus.

O bairro era a Hípica, naqueles locais de poucas residências. O ônibus parou. O novo mandante ordena que o xerife desça. A porta traseira se abriu, o novo mandante retirou a sacola do xerife do meu colo educadamente, arremessou-a na rua, gritou com o xerife, que foi se virando para descer, quando ouço um estampido. Dois tiros, o novo mandante atira a arma fora e grita: Segue seu motorista!

E fomos embora, em silencio, apenas com o ruído do estampido em nossas memórias, sem saber se o xerife havia partido dessa para outra ou se ficara ali, agonizando em companhia de seu revolver, que o traiu nas mãos de outro e lhe deu dois tiros nas costas.

Quase sempre era uma aventura as viagens naqueles ônibus. Outra hora conto mais...

AS VEZES É DIFÍCIL...

Lia eu o jornal essa semana e pensava numa canção do Arthur de Faria, que na verdade tem a letra do Daniel Galera. Me peguei distante demais e procurando entender porque Deus, esse que a gente sempre reza e pede algumas coisas quando o desespero bate, eu mesmo já pedi tantas coisas pra ele...mas eu pensava em como de a gente pode viver realmente feliz convivendo com essa eterna crise (eu ouço falar dessas coisas desde pequeno). Crise de saúde, crise financeira, falta e segurança,falta de consideração, falta de moral, falta de honestidade, na real falta tudo. Depois saí de casa e indo pra radio, passei por algumas pessoas deitadas na calçada, fazia uns 8 graus. Tava frio. Como a gente consegue ser feliz com toda essa diferença entre a humanidade, com todas essas lamentáveis situações que estão bem na nossa frente. Os grandes ficando sempre maiores, os pequenos encolhendo dia a dia. Tanta gente com talento no lugar errado, tantas pessoas de caráter duvidoso e ate mesmo ruins, se dando bem. Que mundo é esse? Sei que essa pergunta merece alguma resposta, mas eu to procurando...

Monday 29 June 2009

Michael Jackson, filhos e a vida hoje...

Me peguei pensando nessa do MJ ontem de manha, domingo. Aliás belíssimo domingo, com um sol maravilhoso e uma temperatura bem agradável. Eu tava no ar, fazendo horário na radio. E parece que foi ontem que eu via uma gaelra imitando os trejeitos do MJ, com seus chiliques elétricos e com suas batidas extremamente contagiantes...tá, tem uma fase ruim...mas quem não tem? E me deparei com essa fissura de não envelhecer, de não ver o tempo passar, de olhar para o lado e perceber que sim, todos nós estamos envelhecendo. Ele me parecia que não, eu tinha sempre a sensação de ver o mesmo cara que eu vi lá nos anos 80...mas já não era mais. Ainda esses dias eu falava como Jorej sobre tudo que tinha acontecido com ele e que a gente ouvia e via falarem, sobre os abusos infantis e tudo mais...mas eu sinceramente não acredito nessas acusações, penso que esse cara aí não teve sequer tempo de ser criança, de andar de mão com os pais, de correr no parque. Tanto é que ele comprou um parque pra ele, e a impressão que eu tinha era que ele simplesmente se divertia muito com tudo aquilo, mas uma diversão livre de perversões, mas isso é o que eu acredito. Olhando o meu filho andando no brick da redenção comigo eu tive essa sensação, de que o rei do pop nunca fez isso com os pais dele e sequer soube o significado de tantas coisas legais que rolam entre pai e filho. Nessa loucura toda de permanecer jovem, de permanecer em forma, de ser o verdadeiro rei, ele meio que se perdeu na loucura toda...ou não.
Era isso...

Saturday 25 April 2009

PAPAÉU, ERON E O ATAQUE DOS CLONES

Tive o prazer de conferir a estreia da peça do Eron essa semana que passou na Bruno Kiefer, Casa de Cultura Mario Quintana. Sessão lotada e o mais interessante era ver as pessoas se identificando com os personagens que o cara criou nesses anos de rádio e teatro. Fiquei feliz de poder ver a alegria do Dalmolin no final, vendo as pessoas aplaudirem de pé ele e o Celso Santana, outra figuraça que no espetáculo, completa muito bem o Eron. Pude perceber como somos sim, de certa forma, atores. No dia-a-dia, na arte de conviver e na difícil tarefa de encontrar nossos caminhos. O Eron já encontrou o dele, bom ator, bom comediante e bom radialista. O Celso também se mostra um bom ator no espetáculo. Enfim, surpresa muito boa ver os dois atuando.
Era isso...
Daqui ha pouco eu volto...rsrs

Thursday 5 March 2009

FELIZ 2009

É, eu diria que as coisas poderiam ser mais fáceis se eu tivesse 20 anos a menos...rsr. Começou o ano essa semana, volta pra faculdade que agora mais parece um cenário de malhação, correria no trabalho, novidades a vista, filhotes crescendo, amigos novos (ae juca araujo!!) e a sensação de que parece que tudo começou há muito tempo. Lembrei agora de uma amiga minha que hoje mora em Brasília, que um dia me comentou, isso ja tem mais de 20 anos, que as musicas que eu tocava sempre tinham a palavra tempo. Vai ver ou o meu vocabulário era pequeno mesmo ou eu ja pensava muito nisso. No tempo. Por incrível que pareça consegui finalizar uns temas instrumentais que estão no meu myspace, www.myspace.com/inchauspe e que tem muitas visitas, ueba!!
Depois de um TEMPO sem postar, to tentando voltar, mas isso, se eu tiver TEMPO.
Abra

Friday 5 December 2008

STEREOBOX - 02/12/2008 - VIDA URGENTE

Terça-feira, dia 2 de dezembro de 2008, lançamento do cd Vida Urgente In Concert no Teatro Bourbon Country em Porto Alegre. Uma causa justa, o objetivo de alertar os jovens para a vida, de disseminar a idéia de que alcool e direção não combinam. Praticamente todas as grandes bandas do poprock gaúcho estavam presentes. Fomos convidados em função da música Os Anjos estar no cd, por escolha dos membros da fundação. A Stereobox nunca tinha tocado num teatro com a estrutura do Bourbon. Nunca tinha tocado por uma causa tão nobre. A música que foi para o disco fala da perda, de uma perda que não tem reparação. Uma das frases diz "quando tudo escurecer, eu invento um sol pra te dar, pra distância nunca mais ser, tão longe..." Ensaiamos duas vezes, levamos o Rodrigo Pareja para tocar guitarra, o Iko queria somente cantar. O Caio tocou bateria, o Jorge Dorfman baixo e eu, Inchauspe, toquei guitarras. Entramos no palco depois da apresentação do Nitro Di, que foi muito bacana, quem abriu o nosso bloco foi o Nenhum de Nós, na sequencia foi o Wander Wildner e depois o Nitro Di.
Entrar no palco com o objetivo de cumprir um compromisso e sair dali com a duvida, quase certeza de que a Stereobox deveria voltar, foi emocionante. Começamos com Um Dia Sem Você, já no primeiro riff as pessoas reagiram muito bem e começaram a cantar, na segunda musica Adorável Ladra cantaram mais alto e pra finalizar, Os Anjos, a musica que está no cd, foi maravilhoso.
Saímos do palco sem conseguir falar. Para uma banda que não esta tocando em rádios, que não circula na mídia e que simplesmente nem existindo estava, ficou a sensação de que nunca havia parado. Ficamos uns 20 minutos sem falar sobre. Foi muito forte, muito profundo e emocionante. Eu toquei Os Anjos com os olhos cheios d´agua, me transportando aos tempos que convivi com a pessoa que se foi e que recebeu essa declaração por música. Fiquei muito emocionado, fazia muito tempo que eu não sentia isso tocando. Foi mágico.
STEREOBOX - 02/12/2008 - TEATRO DO BOURBON COUNTRY - PORTO ALEGRE